Solenidade de São João da Cruz e Confraternizações no final de ano
Em dezembro, toda a família carmelitana celebrou São João da Cruz, Nosso Pai.
No Carmelo de Campo Mourão, Paraná, a Solenidade foi presidida pelo Padre Lussamir de Souza, com a participação da comunidade OCDS.
Ainda em Campo Mourão, a Comunidade Santa Teresinha e a Confraria do Carmo concluíram a Novena de Natal, com a Graça Divina.
Em Curitiba, Paraná, a Comunidade Santa Teresa de Jesus fez sua confraternização de Natal no dia 17 de dezembro, também lembrando de São João da Cruz, Nosso Pai:
Em Londrina, Paraná, tivemos o retorno da Confraria do Carmo com o apoio da OCDS e com a bênção do Frei Nelson (OCD):
Concluindo, compartilhamos a mensagem de nosso Frei Provincial OCD para esta Solenidade de São João da Cruz:
“Estimados irmãos e irmãs
Hoje celebramos a solenidade de São João da Cruz, muito poderíamos dizer a respeito desse grande santo, poderíamos ressaltar que foi o iniciador do Carmelo Descalço entre os frades carmelitas ou destacar a formosura de seus versos poéticos, obra prima da literatura espanhola, ou ainda, sublinhar o seu profundo enamoramento de Deus que lhe permitiu viver com profundidade o desapego.
No entanto, o nosso propósito não é enaltecê-lo, como bom discípulo de Cristo ele não aponta para si mesmo, mas para Deus. O que desejamos aqui é aprender do místico carmelita o itinerário para subir o monte da perfeição e gozar do perene convívio com Deus. Hoje, nos aproximamos dessa fonte, que é a sua doutrina e, com nosso recipiente, buscamos reter um pouco dessa água viva. Como diz o próprio santo, “Deus é como uma fonte, onde cada um recolhe conforme o recipiente que leva”.
Talvez esse seja o primeiro elemento a ser considerado nesse itinerário, refiro-me a necessidade de abertura para acolher a graça de Deus. Parece algo simples, mas no dia-a-dia percebemos que não é tão simples assim. Por isso, o místico carmelita ressalta a necessidade de esvaziar-se, ou seja, criar um espaço dentro de si, a fim de acolher a Deus e a sua graça. Aqui surge o grande desafio, como criar um espaço de acolhida em nossa mente que está sempre num ritmo frenético? Como criar espaço de acolhida em nosso coração tão suscetível a tantas paixões?
No fundo, o que o místico carmelita nos sugere é um caminho para a liberdade interior, condição imprescindível para acolher a plenitude. Aqui entendemos melhor o ensinamento do gráfico do monte proposto por São João da Cruz, quando a alma se põe em nada, está pronta para acolher o Tudo. Do contrário, não será possível receber a plenitude por não haver espaço em si. Colocar-se em nada, não quer dizer prescindir dos bens, das coisas ou mesmo das pessoas e dos afetos, mas simplesmente relacionar com todas essas coisas com liberdade de espírito.
No entanto, para trilhar esse itinerário necessita-se de algo anterior. No poema noite escura ele diz “em viva ânsias de amores inflamada”. O amor é o motor desse itinerário místico. Sem ele, diante das primeiras dificuldades sucumbimos e desistimos. Por isso, os poemas de São João da Cruz e toda a sua doutrina é compreendida a partir do imperativo do amor. Quem sente-se amado, coloca-se a caminho para viver plenamente esse amor.
Por isso ele irá afirmar em suas sentenças: “a alma que anda no amor, não cansa, nem se cansa”; “no entardecer da vida seremos julgados no amor”, “o olhar de Deus é amar e conceder mercês”… Por isso Santa Teresinha, discípula de São João da Cruz, encontrou no amor a sua vocação na Igreja. Mas o amor, do qual estamos falando não se trata de mero sentimento, mas se manifesta na disponibilidade para carregar a cruz. O amor é doação, entrega, renúncia… João da Cruz, quando interpelado por Cristo, o que desejava, ele respondeu “sofrer e padecer por ti”, ou seja; corresponder ao seu amor no mesmo nível que Cristo manifestou o seu amor por nós.
Estimados irmãos e irmãs, que essa solenidade de São João da Cruz ajude-nos nesse processo de esvaziamento para acolher a plenitude que Deus preparou para nós. Amém. Feliz dia de São João da Cruz!
Fraternalmente
Frei Everton, provincial OCD”