Madre Ana de Jesus: a mais nova Beata no Santoral Carmelitano!
Ana de Lobera y Torres (1545-1621) nasceu em Medina del Campo, na Espanha, em 25 de novembro de 1545. Aos 24 anos, Ana foi recebida no Carmelo de Ávila, onde recebeu o hábito carmelitano, em 1570, assumindo o nome de Ana de Jesus e vivendo a oração como um dom e um compromisso coerente com o humanismo teresiano. Na sequência, ela acompanhou Santa Teresa de Jesus (1515-1582) para Salamanca, onde pôde colaborar na formação.
Em 1575, Santa Teresa de Jesus escolheu a Madre Ana de Jesus como cofundadora e primeira priora do Carmelo de Beas, primeira fundação teresiana na Andaluzia. Posteriormente, em 1582, Madre Ana e São João da Cruz (1542-1591) fundaram o Carmelo de Granada, onde o Santo foi Prior. Neste período, em 1584, ele escreveu o comentário ao Cântico Espiritual, dedicando-o à Beata com as seguintes palavras: “embora falte a Vossa Reverência o exercício da teologia escolástica, com a qual se entendem as verdades divinas, não lhe falta o da teologia mística, que se conhece pelo amor, em que não somente se conhecem, mas também se saboreiam tais verdades”.
Santa Teresa de Jesus a chamava de “a capitã das prioras”, reconhecendo seu espírito de liderança. Em 1586, depois da passagem da Santa, Madre Ana de Jesus fundou um mosteiro em Madrid, onde trabalhou muito para reunir seus escritos e publicar a primeira edição das obras de Santa Teresa (1588). Ela defendeu o espírito da Santa fundadora contra as ideias do Padre Nicolás Doria (1539-1594) e sua Consulta, a qual trouxe um estilo de rigor e austeridade ao Carmelo Descalço. Punida, a Madre mudou-se para o Carmelo de Salamanca, em 1584, onde foi eleita Priora, em 1586.
Em 1604, com ajuda da Beata Ana de São Bartolomeu (1549-1626), Madre Ana de Jesus foi para a França, onde fundou os mosteiros carmelitas descalços em Paris, Pontoise, Dijon e Amiens. Na sequência, ela se mudou para a Bélgica, onde fundou os mosteiros de Bruxelas, Lovaina e Mons, encorajando outras fundações do Carmelo Descalço.
Retornando a Bruxelas, depois de alguns anos de sofrimentos físicos e espirituais, a Madre Ana de Jesus faleceu no dia 4 de março de 1621, deixando o testemunho de uma personalidade forte, um discernimento sadio e de obras animadas por uma caridade notável. Ela optou por uma fidelidade incondicional à obra de Santa Teresa de Jesus. É considerada uma das “primeiras poetisas” da língua espanhola e, atualmente, conservam-se dezenas de cartas escritas por ela, as quais são muito valorizadas pela sua espiritualidade e pela sua importância histórica.
A causa de beatificação da Madre Ana de Jesus foi iniciada logo após a sua morte, mas foi introduzida em Roma apenas no dia 2 de maio de 1878. Em 1885, foram aprovados os seus escritos espirituais, que revelam sua profunda vida interior e extraordinária prudência. Nessa época, providencialmente, Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face (1873-1897) teve um sonho com a Madre Ana de Jesus, o qual ficou registrado no “Manuscrito B” de sua autobiografia (Ms. B, 2v). O decreto sobre as virtudes heroicas da carmelita descalça espanhola foi promulgado em 2019. Mais recentemente, em 2023, o Papa Francisco reconheceu o milagre atribuído a ela e a beatificou, em Bruxelas, durante a sua 46a viagem apostólica, neste dia 29 de setembro de 2024.
Carlos Vargas, OCDS
Beata Ana de Jesus, carmelita descalça, rogai por nós!
Referências:
https://postocd.org , https://carmelitas.pt , https://www.carmelitaniscalzi.com e https://www.vaticannews.va/