Santa Miriam de Jesus Crucificado
25 de Agosto – Santa Miriam de Jesus Crucificado
Memória na O.C.D
Miriam Baouardy, descendente de uma família greco-melquita católica, nasceu em Abellin, localidade da Galiléia, em 5 de janeiro de 1846. Ingressou no convento das Carmelitas Descalças de Pau, França, em 1867. Consagrou-se a Deus pelos votos religiosos em Mangalore, cidade da Índia, aonde tinha ido como co-fundadora em 1870. Faz sua profissão monástica em 21 de novembro de 1871. Voltando a França em 1872, transladou-se, três anos mais tarde para a Terra Santa. Construiu em Belém um mosteiro da Ordem e providenciou a ereção de outro em Nazaré. Foi dotada de extraordinárias graças sobrenaturais e, principalmente, de uma rara humildade. Entregou sua alma a Deus aos 32 anos, em Belém, ao amanhecer do dia 26 de agosto de 1878.
São João Paulo II a fez sair da sombra
Miriam de Belém, conhecida como a “Pequena Árabe”, recebeu, como religiosa, o nome de Irmã Maria de Jesus Crucificado; foi beatificada pelo Papa João Paulo II, a 13 de novembro de 1983 e sua canonização no dia 17 de maio de 2015, na qual a homilia do Papa Francisco resumiu muito bem a mensagem de Miriam:
“Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se infunde em nós por intermédio do Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), adquirem vigor a nossa missão e a nossa comunhão fraternal; é dele que brota sempre de novo a alegria de seguir o Senhor pelo caminho da sua pobreza, da sua castidade e da sua obediência; é aquele mesmo amor que nos chama a cultivar a oração contemplativa. Foi quanto experimentou de maneira eminente a irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clarividência, fruto do diálogo incessante que mantinha com o Espírito Santo”.
Um pouco mais de sua história…
Os pais de nossa carmelita eram católicos praticantes e muito fevorosos. Família pobre, vivia do trabalho do pai (Giriés Georges Baouardy) que fabricava pólvora para fogos de artifício. Georges e sua esposa Mariam tinham o propósito de terem muitos filhos, entretanto os desígnios de Deus foram outros: os doze primeiros filhos foram para o Céu ainda pequeninos. Mas o casal não desanima e vão para Belém pedir uma menina para Nossa Senhora com a promessa de chamá-la de Miriam (Maria). E Nossa Senhora atendeu… Que alegria quando nasceu a menina! E para aumentar a felicidade do casal, Nossa Senhora mandou-lhes mais um filho após um ano: Paulinho (Boulos em árabe). Mas, Miriam não tinha ainda 3 anos quando o seu pai morre confiando-a à fiel custódia de São José. Alguns dias mais tarde morre também a sua mãe. É assim que Boulos é adotado por uma tia e Miriam por um tio de boa condição social. Aos 8 anos faz sua primeira comunhão. Miriam tem 12 anos quando sabe que o seu tio a quer casar. Decidida a dar-se totalmente a Deus, recusa a proposta. Tratam de persuadi-la e ameaçam-na. Nem as humilhações, nem os maus tratos puderam fazer mudar a sua decisão. Após três meses, ela visita um velho criado da casa do seu tio, para enviar uma carta a seu irmão que vive na Galileia para que a venha ajudar. Ouvindo a narração dos seus sofrimentos, o criado que era muçulmano, exorta-a a converter-se ao Islamismo. Miriam recusa. Encolerizado, o homem pega numa espada e corta-lhe a garganta, abandonando-a logo de seguida numa rua escura. Era dia 8 de Setembro. Mas a sua hora não havia chegado, e ela acorda numa gruta, ao lado de uma jovem que parecia ser uma religiosa. Durante quatro semanas, ela cuida, alimenta e instrui Miriam. Depois de estar curada, aquela que mais tarde ela revelará ser a Virgem Maria, leva-a a uma igreja. Desde esse dia, Miriam irá de cidade em cidade (Alexandria, Jerusalém, Beirute, Marselha…), como doméstica, elegendo preferencialmente as famílias pobres, ajudando-as, mas deixando-as quando elas a honram demasiado.
Em 1865 Miriam encontra-se em Marselha. Entra em contacto com as Irmãs de São José da Aparição. Tem 19 anos, é admitida ao noviciado. Sempre disposta aos trabalhos mais pesados, passa a maior parte do seu tempo lavando ou cozinhando. Mas, dois dias por semana revive a Paixão de Jesus, recebe os estigmas (que na sua simplicidade pensa ser uma doença) e começam a manifestar-se todo o tipo de graças extraordinárias. Algumas irmãs ficam desconcertadas com o que se passa com ela, e ao fim de 2 anos de noviciado, não é admitida na Congregação. Um conjunto de circunstâncias vão conduzi-la até ao Carmelo de Pau.
É recebida em Junho de 1867 no Carmelo de Pau. Mal chega ao Carmelo e sente no seu íntimo de quanto a vocação lhe assenta bem. A sua simplicidade e generosidade conquistam o coração de todos. “Onde está a caridade ali está Deus. Se pensais em fazer o bem ao vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para o vosso irmão, esse céu será para vós…”. Dom da profecia, ataques do demônio ou êxtases… entre todas as graças divinas das quais está repleta, ela sabe, de maneira muito profunda, ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma intitula-se “o pequeno nada“, é realmente a expressão profunda de seu ser. É o que a faz penetrar na insondável profundidade da misericórdia divina onde ela encontra a sua alegria, as suas delicias e a sua vida… “A humildade é ser por não ser nada, ela não se apega a nada, ela não se cansa nunca de nada. Está contente, é feliz, onde quer que esteja é feliz, está satisfeita com tudo… Felizes os pequenos!”.
Após 3 anos, em 1870, parte com um pequeno grupo de Irmãs para fundar o primeiro convento de Carmelitas Descalças na Índia, em Mangalore. Sofreu muitos combates espirituais e a comunidade não a compreendia provocando seu regresso ao Carmelo de Pau em 1872. Pouco depois de seu regresso de Mangalore, ela começa a falar da fundação de um Carmelo em Belém. Os obstáculos são numerosos, mas a autorização é dada por Roma e a 20 de Agosto de 1875 um pequeno grupo de carmelitas embarca para essa aventura. Prepara também a fundação de um Carmelo em Nazaré. De volta a Belém, retoma a vigilância dos trabalhos debaixo de um calor sufocante. Quando leva algo para beber aos trabalhadores, Miriam cai de uma escada e quebra um braço. A gangrena vai avançar muito rapidamente e morre poucos dias depois, a 26 de agosto de 1878.
Ela teve tanto amor a Jesus que recebeu o coração transpassado por um Serafim assim como nossa Santa Madre Teresa de Jesus. Rodeada pela comunidade e deitada na cama do seu calvário ela diz: “Se querem encontrar-me depois da morte… Comunguem!”
Espírito Santo, inspirai-me.
Amor de Deus, consumi-me.
Ao verdadeiro caminho, conduzi-me.
Maria, Minha Mãe, olhai por mim,
Com Jesus, bendizei-me;
De todo mal, de toda a ilusão,
De todo o perigo, protegei-me.
Santa Miriam de Jesus Crucificado
Fonte bibliográfica: Uma Carmelita Analfabeta; Frei Raul de Lima Sertã
www.carmelitas.pt
(Material fornecido para este blog por Cristina Stein Hoff da Comunidade OCDS Santa Teresa Benedita da Cruz, de São Leopoldo, RS)
Queria saber se há algum livro falando sobre esta santa. Me interessei por ela